HÁ FESTA NA ALDEIA
Tendo como pano de fundo a época de 1963, O grupo de teatro (Re)nascer, uma vez mais com produção própria, lançou-se no desafio de criar uma obra de ficção inspirada num conjunto de usos e costumes característicos da região.
Este novo trabalho envolve directamente vinte actores, e conta com uma equipa de bastidores, que dará todo o apoio necessário (contra-regra, maquilhagem, guarda roupa, luz e som e efeitos especiais) formando no total, entre actores e técnicos uma equipa de cerca de trinta e cinco elementos. A acção da peça decorre numa aldeia, que poderia ser qualquer uma do concelho de Ferreira do Zêzere, com algumas personagens tipo que serão certamente familiares a todo o público.
O enredo principal parte de uma ficção criada. As mulheres da aldeia revoltam-se e decidem formar uma comissão para organizar a festa tradicional, deixando os homens, habituados a assumir a liderança nestes assuntos, totalmente à margem, o que provoca grande agitação na aldeia. Esta, era o que poderia ter sido uma revolução feminista dos anos sessenta à escala do mundo rural ferreirense, caso tivesse existido.
Em conjunto com este conflito principal, decorrem outros pequenos enredos e situações que partem de factos reais que ocorreram, que as gentes do concelho de Ferreira do Zêzere viveram e que fazem parte da nossa história recente, como é o caso da guerra colonial ou a subida das águas na Albufeira de Castelo do Bode.
O trabalho conta ainda com poemas de Sá Flores, Manuel Inácio, Manuel António Coelho e Alfredo Keil, que foram associados ao texto, vindo desta forma enriquecer todo o trabalho cénico.
Este nova peça do grupo (Re)nascer conta também com algumas inovações em termos de interactividade. Uma das principais é o facto de possibilitar ao público escolher o final da peça, ou seja a forma como termina cada sessão, entre outras que não queremos revelar agora para não estragar a surpresa. É também objectivo do grupo, fazer com que este trabalho funcione como possível “alavanca” para o surgimento de novos estudos e recolha/levantamento da cultura e tradições da nossa terra, um desafio que lançamos a todas as entidades do concelho, para que não percamos as nossas raízes e compreendamos melhor a nossa identidade regional.
by HÉLIO ANTUNES