Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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Localização: Odivelas

5.2.08

Maputo em estado de sitio

Ás vezes quando menos se espera as fragilidades de uma sociedade que vive numa pobreza quase absoluta vem ao de cima, foi isso que aconteceu hoje em Maputo, com milhares de pessoas a manifestarem-se nas ruas criando o caos um pouco por toda a cidade.
Carros apedrejados, lojas saqueadas, assaltos, ruas cortadas, pneus e carros incendiados, pelo menos um morto e alguns feridos, foram apenas algumas das coisas que se passaram hoje por aqui.
Não é dificil entender os motivos que originaram a revolta, Maputo tem uma rede de transportes baseada nos "chapas", carrinhas do tipo Toyota Hiace que transportam pessoas desde os arredores da cidade até ao centro, este é o meio de transporte usado por milhares de pessoas diáriamente, para virem trabalhar, a sua maioria com salário minimo que aqui é de 1200 meticais (cerca de 35 euros), uma viagem interurbana que antes custava cinco meticais (14 cêntimos) passou para 7,5 meticais (21 cêntimos) e a que antes custava 7,5 meticais passou agora a custar 10 meticais (28 cêntimos). Este aumento em conjunto com o aumento do preço do pão, veio originar esta onda de violência que segundo alguns canais de TV já se alastra às provincias, chegando mesmo a estar cortada a estada N1, porta de saída da cidade de Maputo para norte.

A meio da manhã o comércio e as instituições bancárias fecharam as suas portas, as empresas dispensaram os trabalhadores e o conselho era para que se evitasse sair à rua, permanecer em casa seria a opção mais acertada.
Amanhã é outro dia, vamos ver como vai correr mas para já nada aponta para grandes melhoras, a noite, que entretanto caiu em Maputo, trouxe uma relativa acalmia da situação, esperando-se que as negociações entretanto encetadas entre o Governo e os transportadores consiga trazer a paz às ruas da capital moçambicana.

3.2.08

Maracuene em festa!

Ontem rumámos a norte de Maputo, fomos com o intuito de ir almoçar à praia de Macaneta, uma praia a cerca de 50 km's de Maputo.
Chegámos a Maracuene por volta das 12:00, ora se tudo fosse "normal" estávamos a uma boa hora para chegarmos ao almoço a Macaneta, mas como por aqui nem tudo é "normal" a surpresa começou logo quando chegámos a Maracuene, um aglomerado enorme de pessoas invadia as ruas da pequena vila porque este fim de semana "é fim de semana grande" por lá, decorrem as celebrações tradicionais de de Gwaza Muthini.
Com algum esforço lá atravessámos a povoação e rumámos na direcção do rio, para atravessarmos de ferry e continuarmos até ao nosso destino final, quando chegámos ao cais o cenário era 12 carros à nossa frente e um ferry que só consegue transportar 6 viaturas de cada vez e porque havia um problema de motores, o ferry ficava 30 minutos em cada um dos lados, ou seja como só conseguiamos ir na 3ª viagem começámos a achar que valia mais desistirmos de Macaneta.
Voltámos para tráz... almoçámos próximo de Maracuene e depois regressámos à vila, muito mais gente, muita música, muita festa, muita "doux éme" (cerveja 2M) e muito comércio em tudo quanto era canto.
Se ainda tinha dúvidas aqui desvaneceram-se, se há coisa que o povo moçambicano gosta é de festa!
"...as cerimónias tradicionais de Gwaza Muthini, evento celebrado todos os anos a dois de Fevereiro, e que marca a revolta do povo moçambicano contra o jugo colonial português, ocorrido em mil oitocentos noventa e cinco...
...a batalha de Marracuene, ou Gwaza Muthini. Ela deu-se dez anos depois da Conferência de Berlim, a qual determinou a “ocupação” efectiva de África pelas potências colonizadoras. Os portugueses, comandados por Caldas Xavier, envolveram-se numa sangrenta batalha com os guerreiros de Nwamatibyana.
De recordar que, anualmente, as celebrações do Gwaza Muthini são presididas por anciãos, e estes evocam os espíritos através do “kupahla”, e, para além de altos membros do Governo, têm acorrido ao evento numerosos populares vindos de diversos cantos do País.
in DIÁRIO DE NOTÍCIAS(Maputo) – 02.02.2006"

A fila para o ferry...

As ruas cheias de gente a preparar-se para a festa...