Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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28.7.06

Dornes... Leiria ou Santarém ?!?!

Ás vezes somos surpreendidos por autênticas pérolas no jornalismo que se faz em Portugal, erros tão básicos que não se percebe muito bem como podem acontecer, esta é a primeira página do CM de ontem, onde se pode ler o destacado titulo "Mata de Leiria Ardeu Durante Cinco Horas" :

Esta é a noticia publicada, um pequeno quadrado que fala apenas do incêndio de Dornes... aparentemente um erro de Geografia :
Cinco horas foi o tempo que os bombeiros precisaram para dominar um fogo florestal que deflagrou ontem, pelas 13h39, na freguesia de Dornes, concelho de Ferreira do Zêzere, e só ao final da tarde ficou controlado.

O vento forte foi o principal inimigo dos bombeiros, pois ajudou à propagação das chamas, lançando partículas incandescentes que deram origem a várias frentes de fogo. O terreno muito acidentado e com poucos acessos também não facilitou a tarefa dos soldados da paz.

Segundo o comandante de serviço no Centro Distrital de Operações de Socorro de Santarém, Arnaldo Santos, ardeu uma “área razoável” de floresta, situada a norte de Dornes, entre o Vale Serrão e a albufeira de Castelo de Bode.
O combate às chamas mobilizou 180 bombeiros de 28 corporações dos distritos de Santarém e Castelo Branco, apoiados por 46 viaturas, um helicóptero, um aerotanque pesado Beriev e ainda dois aviões Canadair. Os bombeiros iam passar a noite em rescaldo e vigilância.

26.7.06

O Hino Nacional

Com a demolição da "Estalagem dos Vales" será interessante não deitar por terra também as memórias, aquelas que devem ser preservadas, nesse sentido deixo aqui um texto que relata a história do nosso Hino e a sua ligação à "Estalagem dos Vales" e consequentemente a Ferreira do Zêzere.

Um hino é um canto de louvor. Na Antiguidade cantavam-se hinos aos deuses. Na Europa multiplicaram-se e aperfeiçoaram-se os hinos religiosos desde a Idade Média.

A idéia de adotar uma música como símbolo de um país só surgiu no século XIX. Anteriormente era costume escolher para as cerimônias oficiais um tema composto em honra do rei.No tempo de D. João VI, por exemplo, tocava-se o "Hymno Patriótico", de António Marcos Portugal.

Em 1834, depois da guerra civil e do triunfo dos liberais, o rei D. Pedro IV aprovou uma lei que declarava uma obra sua - o "Hymno da Carta" - como hino nacional. Manteve-se em vigor até à queda da monarquia.Quando se implantou a República mudaram os símbolos do País. O projeto da nova bandeira desencadeou grandes discussões e apareceram dezenas de propostas. Quanto ao hino, não houve dúvidas. Toda a gente aprovou a escolha de "A Portuguesa", que já existia e era cantada com fervor em homenagem ao povo português e à História de Portugal.

O nosso Hino tem uma história peculiar

Em 1890, no tempo do rei D. Carlos, os países europeus fizeram uma partilha do continente africano. Portugal pretendia obter todos os territórios entre Angola e Moçambique. A França e a Alemanha aprovaram a idéia, mas a Inglaterra opôs-se porque queria dominar o interior de África desde o Cairo (Egito) ao Cabo (África do Sul).

Para obrigar Portugal a desistir, lançou um Ultimato: ou o governo português mandava retirar imediatamente os exércitos que tinha naquela zona ou declarava guerra a Portugal. Na altura não havia possibilidade de enfrentar um país tão rico e poderoso, a única hipótese era ceder. Foi isso que o rei e os ministros fizeram. O povo, porém, não aceitou, nem compreendeu e sentiu-se humilhado. Com que direito é que a Inglaterra fazia tais exigências, se os portugueses é que tinham sido os primeiros a navegar e a desembarcar naquelas paragens tão longínquas?

Houve muitas manifestações de rua e muitos artigos nos jornais contra o Ultimato, contra os ingleses, contra o governo e contra o rei. Houve quem pusesse uma bandeira nacional a meia-haste em sinal de luto.

O compositor Alfredo Keil, indignado também, atirou-se ao piano e compôs uma espécie de marcha militar onde vibrava toda a sua raiva. Depois dirigiu-se a casa do poeta Henrique Lopes de Mendonça, que morava num quarto andar, subiu as escadas esbaforido e pediu-lhe uma letra que encaixasse naqueles acordes e desse voz à revolta que se gritava nas ruas.

Trabalharam juntos alguns dias e logo que o poema ficou concluído deram-lhe o nome de "A Portuguesa".

A primeira edição da música e texto, foi paga pelos próprios autores. Teve uma tiragem de 12 000 exemplares que esgotou imediatamente! A partir de então nas ruas, nos cafés, nos clubes, nos teatros cantava-se a toda a hora "Heróis do mar, nobre povo..." E era a música de toda a gente. Os revolucionários republicanos tinham-lhe um apreço especial porque, além do poema lembrar a História de Portugal sem nunca falar no rei, incitava ao combate.

No dia 31 de Janeiro quando saiu à rua a primeira tentativa de revolução republicana no Porto, os revoltosos berraram "A Portuguesa", a plenos pulmões. Depois da revolta abafada, a música foi proibida. Mas continuou a ser cantada às escondidas.

Alfredo Keil passou o Verão de 1890 em Vales, perto de Frazoeira. Durante essas férias fez uma adaptação da música para que pudesse ser tocada por uma banda.

A Banda Sociedade Filarmónica Carrilense de Ferreira do Zêzere foi a primeira a executar em público o tema: "A Portuguesa". Nessa altura ninguém sonhava que viria a ser adotado como Hino Nacional."

OUÇA O HINO