Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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11.3.06

A preparatória


Estava a desfolhar o Despertar do Zêzere desta quinzena, quando vi um artigo a anunciar um concurso de ideias para um logotipo que identifique a escola E/B 2/3 Pedro Ferreiro... uma escola onde eu fiz o preparatória e a secundária, até ao 9º ano, porque antigamente era só até aí que a escola suportava, depois, para quem continuava “agarrado aos livros” era preciso ir para Tomar.

Passei bons tempos nesta escola. Já agora, se alguém que está a ler isto está interessado em participar no dito concurso do logotipo, vou deixar aqui umas dicas que talvez sirvam de inspiração... ou se calhar é melhor não !

Quando acabei a 4ª classe lá fui eu a Ferreira matricular-me no ciclo, é claro que fui com os meus pais, preenchida a papelada cometi a minha primeira gafe, escolhi por imposição familiar, a disciplina de françês, grande erro de que me arrependi logo no fim da 2ª aula (a primeira foi a apresentação, só estivemos lá 10 minutos). O meu pai lá achou que tinhamos de aprender o françês porque no verão a malta que vinha lá de fora falava francês, portanto seria útil quanto mais não seja para perceber as palavras que enfiavam no meio das frases, meias faladas em português. Lembro-me do pânico de uma prova oral que fiz uma vez para tentar não chumbar à disciplina, a primeira pergunta foi, “conjuga o verbo avoir ?” e eu, muito convicto avancei... “Je suis, tu es, etc…" claro que quando acabei de conjugar a frase seguinte que ouvi da professora foi : “Podes sair”, sem perceber muito bem porquê lá saí, foi quando o “francês”, um colega que era barra naquilo porque era filho de emigrantes, me disse, “epá, mà tu enganaste no verbo”, escusado será dizer que foi para esquecer.

Os intervalos eram por norma muito preenchidos, havia actividades para todos os gostos, normalmente ia com a malta da turma, rapaziada porreira, para trás do refeitório ou do pavilhão jogar à moeda, o jogo era mais ou menos assim, cada um tinha uma moeda, normalmente era de 2$50 (que eram as que davam nos matrecos do mouquito) e fazia-se assim, cada um atirava a moeda à parede de forma a que no ricochete esta ficasse a menos de um palmo de outra qualquer, se fosse o caso quem tinha atirado a moeda ficava com todas as que estivessem no raio. Normalmente as moedas não ficavam em bom estado, era preciso ter algum cuidado porque senão não eram aceites em sitios tão importantes como no buffete ou nas senhas do almoço o que podia representar um dia um bocado mal passado. Era divertido, muito embora houvesse gajos com uns dedos compridos como ò caraças! Nunca tive grade sorte com esse jogo.

O mouquito era a “casa de jogos” mais acessível para gastar as moeditas capturadas, quando havia “furo” lá íamos nós, entrávamos pela tasca e percorríamos um labirinto até chegar à adega, onde estavam duas mesas de matrecos prontinhas para mais uma jogatina, era viciante, mas como as moedas não eram muitas normalmente o vicio acabava-se depressa. foram jogadas muitas bolas naquela adega do "mouquito" ainda recordo as enormes pipas que lá estavam que serviam para abastecer o jarros de vinho que iam para a tasca, o dia proibido para estas jogatinas era a 2ª feira, dia de mercado o que significava uma perigosa afluência de pessoas conhecidas à vila.

Outro dos jogos que “estava a dar” quando entrei para lá foi o peão, lá pedi ao meu pai para me comprar um peão e uma baraça, e fui exprimentar, parecia interessante no inicio mas cedo percebi que com aquele pião não me safava, não tinha uma “ferreta” comprida e bicuda por isso ficava sempre enterrado na terra dentro da roda, a levar “porrada” por tudo quanto é sitio até ser atirado para fora. Depois de uma operação de “tunning” o peão lá tomou um aspecto mais decente, como tinha perdido a cabeça espetei-lhe um prego de alto a baixo e ficou com um bico á maneira, com uma limadela dada à socapa nas aulas de trabalhos manuais o peão ficou quase pronto a bater-se com os outros, depois foi só espertar-lhe um monte de pioneses de forma a protege-lo dos ataques e prontos lá consegui uma prestação mais ou menos decente.

A noite já vai longa e por isso acabo por hoje esta estória, no entanto prometo contar outras aventuras não menos radicais como as descidas de carrasca na encosta do “picoto” ou as idas às “lages grandes”.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mas que grandes recordações...

Também fui um dos que escolheu o Francês quando para lá fui... Não posso dizer que me tenha arrependido logo na 1ª ou 2ª aulas, mas não devo ter demorado muito mais a cair em mim! :D

Os matrecos... na minha altura já eram a 5$00 (a inflação era terrível) e também ainda me lembro desse labirinto para chegar à adega onde estavam as mesas de matraquilhos... passava-se por detrás do balcão, depois ao lado da cozinha... e lá estava a "consola de jogos" à nossa espera!... Depois mais Tarde ainda apareceram os matrecos do Marmelo. Nessa altura já a 10$00 (novamente a inflação a fazer das suas).

O jogo do pião ainda se prolongou durante mais uns tempos, pois ainda o apanhei... lá ia eu também com o meu pião com uma cavilha ai de uns 5cm todo tuning preto metalizado e todo cravado com pioneses de varias cores... a rodar parecia um arco iris eh eh :D grandes campeonatos fiz com aquilo... ainda hoje guardo essa relíquia, que lá está com as marcas dos duros torneios :)

Quase em simultâneo havia também o jogo da esfera... com os 3 buracos e o pessoal a experimentar a pontaria. Mais tarde, esta modalidade foi quase substituída por uma versão mais "freestyling" onde se abriam trilhos (na barreira que descia do campo para o pavilhão) e onde se metiam as esferas a correr por ali a baixo... era a ver quem chegava lá primeiro sem sair dos "carris".

Ainda outros jogos de que me recordo e que se improvisavam junto ao pavilhão como o basebol à moda tradicional com paus de eucalipto e bolas de ténis... só era chato quanto alguém perdia o pau de vista das mãos - fujam cabeças!... muitas bolas iam parar acima daquele pavilhão...

Havia também a sirumba... acho que era assim que se chamava... onde debaixo do alpendre na entrada se marcavam umas "casas" e "corredores" a giz branco no chão e depois era tipo policias e ladrões... era a ver quem conseguia chegar à outra ponta sem ser apanhado...

Hoje passo ao lado daquela escola e pergunto-me... o que será que fazem agora estes miúdos para se divertirem... Enfim, agora há o VHS (já muito pouco), o CD e o DVD, Computadores e Internet por tudo quanto é sitio... até "pendrive" e telemóveis da última geração eles já usam...

Agora é a moda dos jogos online onde se joga aliado ou contra quem não se conhece de parte nenhuma... enfim... outros tempos... impensáveis à apenas meia dúzia de anos atrás...

sábado, março 11, 2006 12:37:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

e havia também o jogo do ferro!!!! velhos tempos, lembro - me perfeitamente dessas idas ao mouquito e também de uma tasca que havia onde é hoje o amaro supermercado, que tinha uma máquina de flipas talvez a unica em ferreira.....
Na altura do carnaval compravamos bombas na loja do pai do professor Carlos Peixoto...

quinta-feira, março 16, 2006 12:20:00 da tarde  
Blogger Rui Antunes said...

É verdade Luis e as bombas não eram daquelas fraquitas dos "chineses", eram bombas como deve ser e se bem me lembro comprava-se uns pacotes de 50 que davam para fazer uns castelos engraçados em volta de alguns pinheiros lá para os lados do "picoto", que não ficavam muito bem tratados depois da sessão de artilharia :)

quinta-feira, março 16, 2006 4:56:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Encontrei o teu blog em busca do site da Emissor Regional do Zêzere. Eu estou imigrado na Suiça desde 1984, nasci no hospital em Tomar, mas sou natural das Olalhas, os meus pais migraram para a capital, ainda eu era um bébé,e por lá fiz o meu ensino escolar, com pouco ou mais sucesso. Mas as tuas aventuras escolares fizeram me lembrar os meus velhos tempos da escola, excepto os matrecos, mas ainda o jogo do berlinde, que eu ensinei aos vizinhos da minha avó que vive no Lugar das Sesmarias, ainda jogava ao "prego", e o pião claro é um clássico, ainda hoje tenho dois aqui em casa que pedi ao meu pai para-me os comprar. Lembro-me dessa escola qunado entrou em serviço, fui lá com o vizinho da minha avó, para se inscrever nos ensino prepraratório.
Fico por aqui, as tuas histórias são engraçadas, e acho que ainda me lembro desse tal Acácio... P.S- Eu passava todas as minhas férias escolares na região.

sábado, março 18, 2006 9:13:00 da manhã  
Blogger Rui Antunes said...

Bem vindo ao blog António Pedro. Espero também pelas tuas estórias das férias nas Olalhas.

quarta-feira, março 22, 2006 10:41:00 da tarde  
Blogger Rui Antunes said...

Obrigado kate, bem vinda ao blog

quarta-feira, março 29, 2006 7:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pergunta para quem ainda passa amiúde por essas bandas:
As Lages ainda existem?

terça-feira, abril 04, 2006 9:49:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não saí da escola assim à muito tempo , mas já lá vão alguns e ainda me lembro de ouvir alguns rapazes da minha turma ( nos primeiros anos de escola ) falar , que à tarde no fim das aulas iriam às Lajes beber umas cervejas! Mas nos últimos anos já não se falava assim ! Era mais comum vê -los mesmo atrás da escola a fazer isso! Ainda me lembro que o filho do senhor António Minhoto (Rodrigo) teve que faltar à aula da última hora ( Geografia ), que ainda por cima era com o director de turma , por causa de estar com uma bebedeira!

segunda-feira, maio 01, 2006 7:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

What a great site »

sexta-feira, fevereiro 16, 2007 12:56:00 da manhã  

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