A mística do S. Brás
Publico aqui um texto que mandei ao João para publicar (se conseguir) no Despertar do Zêzere desta quinzena, mas como acho o tema interessante, gostaria que se pronunciassem sobre ele, a foto é do "Templário" :
"Confesso que já fui tarde para a feira de S. Brás, já passava das cinco quando a Maria (a mais pequena) acordou da sesta de domingo, mas foi com algum entusiasmo que, para ver os cavalos, lá se despachou para irmos dar a tal voltinha prometida à feira. Apesar dos cavalos já terem debandado, ainda existia por lá muita animação, as barraquinhas ainda iam fazendo negócio e apesar do frio que já começava a fazer-se sentir, as pessoas andavam alegres, a ver as pequenas maravilhas que esta feira “mostra” já nos habituou a apreciar... Ah pois, e as concertinas ainda iam dando o ar da sua graça com o seu som característico, que em conjunto com os acordeões lá iam animando a (muita) malta que não arredava pé da Feira de S. Brás.
Esta é uma feira especial, não se vêm feirantes de megafone a vender as T-Shirts e as camisas “de marca”, não andam por lá os vendedores de cassete pirata (agora já é mais o CD) nem se vêm as carrinhas que vêm “directamente da fábrica”, onde se leva o “cobertor e mais um faqueiro e uma caixa de ferramentas para o automóvel e ainda uma caixa de caramelos por apenas uma notinha de 20 €”. É uma feira diferente, ou melhor, é uma feira de antigamente onde se vende o artesanato, onde as tasquinhas ganham animação e onde se aproveita para mostrar aos visitantes, os trapos, as tralhas, as relíquias que muitas vezes estão lá num canto esquecidos e aos quais quase não se dá importância.
Ainda trago bem viva na memória a primeira recriação desta feira, foi com uma grande expectativa que na rádio recebemos esta noticia, na altura eu era responsável pela programação e quando reuni com os colaboradores para discutir a programação do mês, achámos que seria oportuno darmos uma grande cobertura ao acontecimento, foi feita uma promoção na semana antes e aliámo-nos à iniciativa no próprio dia montando um estúdio móvel no centro da feira, que funcionou na sede da filarmónica. Criaram-se duas equipes de exteriores que de microfone em punho faziam o relato do que iam descobrindo nas várias barraquinhas, entrevistando os artesãos que lá iam descrevendo como faziam a sua actividade, desde o tanoeiro, ao cesteiro, ao ferreiro que vinha salvo erro dos lados da Igreja Nova e até tinha por lá umas peles de cabra a curtir... no estúdio improvisado fazia-se a emissão contínua que durou todo o dia, com entrevistas às pessoas envolvidas na organização e não só e assim se passou um dia muito interessante, não só no nível cultural mas também a nível radiofónico, eram outros tempos !
O entusiasmo que esta feira trás aos ferreirenses (e não só) é mais do que suficiente para que este passe a ser encarado como um grande acontecimento de Ferreira do Zêzere, devia ter lugar de destaque na promoção cultural do concelho e merecer uma divulgação a nível nacional (porque não?). A organização deveria conseguir manter a qualidade do certame e até se possível aumentar a fasquia, por exemplo colocando tendas em vez dos stands, criando iniciativas de animação de rua por toda a vila por como o teatro amador, animação pirotécnica, incentivo ao uso dos trajos rústicos da época, desfile de trajos, etc... para que os visitantes tenham sempre algo de novo para ver e se mantenha a mística desta feira que depois de ter andado desaparecida e de ter conseguido regressar, não volte a perder-se na memória dos tempos.
Mas é bonito ver esta mostra, faz-nos regressar ao passado, ao recente e ao longínquo, se bem que por vezes me ponho a pensar se não teremos ficado demasiado agarrados ao imaginário dos tempos dos nossos avós. Será que vamos conseguir deixar legados tão bonitos às gerações vindouras ? esperemos que sim... eu cá ainda tenho esperanças que um dia teremos quem ponha de pé a recriação da Feira de São Miguel ! "
5 Comments:
Não nasci em Ferreira mas considero-me ferreirense de alma e coração.
Agrada-me que alguém tenha decidido partilhar com todos nós as estórias dessa terra.
Parabéns Sr.Rui pela sua iniciativa e já agora, também gostava de ver recriada a feira de S. Miguel.
Aquela da minha memória....
Aquela em que se mandava vir um carro de aluguer para podermos ir à vila.
Esta é uma visão ainda mais antiga do que aquela que vocês têm.
É a do tempo dos seus pais.
Um abraço
Cristina do Fundo da Rua.
Cara Cristina, obrigado por ter passado por cá...
Em relação à Feira de S. Miguel já me contentava com uma recriação mais moderna, afinal, apesar de todas as contrariedades por que têm passado as empresas do concelho, penso que ainda há actividade económica suficiente para fazer uma mostra da dimensão de outros tempos, aliás, qualquer empresa precisa de ver o seu potencial divulgado e em terras pequenas como Ferreira do Zêzere faz falta essa montra. Se calhar, agora que a Zona Industrial está pronta, seria uma boa oportunidade para realizar umas operações de "charme", mostrando aquilo que existe até para potenciais investidores saberem com o que podem contar.
Além disso ainda trago na memória um dos cartazes de "luxo" da Feira de S. Miguel, num ano só vieram actuar entre outros (corrijam-me se estiver errado) Xutos & Pontapés, Heróis do Mar e Frei Hermano da Câmara... conseguem imaginar isto tudo a acontecer no Mercado Municipal de Ferreira do Zêzere ?
Chamar o "carro de praça" para ir à feira... isso faz-me lembrar quando iamos à Feira de Sta Iria a Tomar, ou apanhávamos a "carreira" nas Besteiras ou quando ficáva-mos apeados lá iamos no "carro de praça" para Tomar... a outra opção era ir na caixa do tractor, mas isso era só para as viagens mais curtas ;)
Viva
Olá camarada, aqui estou eu a relembrar o tema, e este ano com intervenção própria no assunto. Cá espero a tua visita e claro com o acompanhamento dos amigos.
Abraço.
espreitem no site do municipio, isto enquanto a Junta não tem o seu próprio.
Dia 7 de Fevereiro de 2010, cá vos esperamos.
http://www.cm-ferreiradozezere.pt/pt/3a34d076-e6d5-4fef-874e-c951097c7365.htm
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