Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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5.4.06

Carros de Bois



Vou colocar uma cópia do comentário do meu irmão Ricardo feito recentemente no post do Acácio. Acho o tema interessante por isso abro aqui um novo post só para falar disto.

A foto é ilustrativa, não corresponde à junta de bois do Leandro mas se alguém tiver material desse que gostassse de ver publicado aqui, pode fazer-me chegar através do e-mail: ruiantunes@mailandnews.com e terei todo o gosto em colocá-lo on-line. A foto desconheço o nome do seu autor mas terá sido tirada em Rebordainhos, Bragança.


Em relação aos bois, era sempre uma festa cada vez que se preparavam as coisas para o dia de lavrar as terras. (hoje, olhando para aqueles pedaços minúsculos de terra, ainda me pergunto como era possivel caber a junta e o charrueque dentro de alguns tabuleiros...)

Lembro-me de uma curiosidade: quando se lavrava o tabuleiro de cima do tanque pequeno, era preciso levantar toda a calhe de cimento, que no final voltaria a ser recolocada... Mas mais altos esquemas de engenharia (que me escapavam completamente na altura, e que me pareciam sempre insondáveis mistérios) levavam a água do tanque da fonte até ao taque pequeno, sendo que o precioso líquido desaparecia através de um perfeito orifício na pedra.

Bom... depois havia as estórias (e aqui o termo é mais do que apropriado) dos dias de rega a partir desse tanque da fonte... José Sebastião, Maria dos Anjos, Mabília, José "Terramote" (este apelido também merecia uma estória), Joaquim do Olheiro, todos regavam a partir do tanque, e com regras draconianas. E ai de quem não as cumprisse...

Finalizo com uma daquelas que eu não sou capaz de afirmar se é verdade ou ficção. O Joaquim do olheiro a matar, a tiro de caçadeira, uma cobra (que suponho enorme, mas a relatividade é grande), que lhe "limpava" literalmente as colmeias.Pode ser que um dos meus irmãos se lembre...


CARRO DE BOI
Autor: Tonico

Meu véio carro de boi, pouco a pouco apodrecendo
Na chuva, sor e sereno, sozinho, aqui desprezado
Hoje ninguém mais se alembra que ocê abria picada
Abrindo novas estrada, formando vila e povoado

Meu véio carro de boi, trabaiaste tantos ano
O progresso comandando no transporte do sertão
Hoje é um traste véio, apodreceu no relento
No museu do esquecimento, na consciência do patrão

Meu véio carro de boi, a sua cantiga amarga
No peso bruto da carga, o seu cocão ringidor
Meu véio carro de boi, quantas coisa ocê retrata
A estrada a a verde mata,e o tempo do meu amor

Meu véio carro de boi, é o fim da estrada cumprida
Puxando a carga da vida, a mais pesada bagage
E abraçando o cabeçaio, o nome dos boi dizendo
O carreiro foi morrendo, chegou no fim da viage.

Encontrei este poema, de um autor brasileiro quando procurava estórias sobre carros de bois, o site de onde extraí este texto contém uma mão cheia de estórias, poemas, fotografias e inclusive, toda a informação que permite construir ou recuperar um carro de bois, vale a pena dar uma espreitadela :

3 Comments:

Blogger Pedro Aniceto said...

Olha lá, depois de ter escrito o comentário sobre os bois do Leandro, lembrei-me que a dada altura o teu avô da Levada também teve uma junta... Lembro-me que um deles era um problema porque tinha mau feitio, mas não me recordo de todo de haver um carro lá em casa...

quarta-feira, abril 05, 2006 1:48:00 da tarde  
Blogger Rui Antunes said...

Há mas havia sim sr. !!
Os bois foram comprados à sociedade, um era do meu avô e o outro do meu pai, foi ainda antes de ser comprado o tractor, o Ford 3600 que agora já deveria fazer parte do museu.
Havia um carro de bois, um ou dois charrueques e uma grade.

quarta-feira, abril 05, 2006 3:29:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Por acaso ainda gostava de saber onde terá ido parar esse carro de bois. Os charrueques e a grade ainda existem, estão na levada.

domingo, abril 09, 2006 12:43:00 da manhã  

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