Carros de Bois
Vou colocar uma cópia do comentário do meu irmão Ricardo feito recentemente no post do Acácio. Acho o tema interessante por isso abro aqui um novo post só para falar disto.
A foto é ilustrativa, não corresponde à junta de bois do Leandro mas se alguém tiver material desse que gostassse de ver publicado aqui, pode fazer-me chegar através do e-mail: ruiantunes@mailandnews.com e terei todo o gosto em colocá-lo on-line. A foto desconheço o nome do seu autor mas terá sido tirada em Rebordainhos, Bragança.
Em relação aos bois, era sempre uma festa cada vez que se preparavam as coisas para o dia de lavrar as terras. (hoje, olhando para aqueles pedaços minúsculos de terra, ainda me pergunto como era possivel caber a junta e o charrueque dentro de alguns tabuleiros...)
Lembro-me de uma curiosidade: quando se lavrava o tabuleiro de cima do tanque pequeno, era preciso levantar toda a calhe de cimento, que no final voltaria a ser recolocada... Mas mais altos esquemas de engenharia (que me escapavam completamente na altura, e que me pareciam sempre insondáveis mistérios) levavam a água do tanque da fonte até ao taque pequeno, sendo que o precioso líquido desaparecia através de um perfeito orifício na pedra.
Bom... depois havia as estórias (e aqui o termo é mais do que apropriado) dos dias de rega a partir desse tanque da fonte... José Sebastião, Maria dos Anjos, Mabília, José "Terramote" (este apelido também merecia uma estória), Joaquim do Olheiro, todos regavam a partir do tanque, e com regras draconianas. E ai de quem não as cumprisse...
Finalizo com uma daquelas que eu não sou capaz de afirmar se é verdade ou ficção. O Joaquim do olheiro a matar, a tiro de caçadeira, uma cobra (que suponho enorme, mas a relatividade é grande), que lhe "limpava" literalmente as colmeias.Pode ser que um dos meus irmãos se lembre...
CARRO DE BOI
Autor: Tonico
Meu véio carro de boi, pouco a pouco apodrecendo
Na chuva, sor e sereno, sozinho, aqui desprezado
Hoje ninguém mais se alembra que ocê abria picada
Abrindo novas estrada, formando vila e povoado
Meu véio carro de boi, trabaiaste tantos ano
O progresso comandando no transporte do sertão
Hoje é um traste véio, apodreceu no relento
No museu do esquecimento, na consciência do patrão
Meu véio carro de boi, a sua cantiga amarga
No peso bruto da carga, o seu cocão ringidor
Meu véio carro de boi, quantas coisa ocê retrata
A estrada a a verde mata,e o tempo do meu amor
Meu véio carro de boi, é o fim da estrada cumprida
Puxando a carga da vida, a mais pesada bagage
E abraçando o cabeçaio, o nome dos boi dizendo
O carreiro foi morrendo, chegou no fim da viage.
Encontrei este poema, de um autor brasileiro quando procurava estórias sobre carros de bois, o site de onde extraí este texto contém uma mão cheia de estórias, poemas, fotografias e inclusive, toda a informação que permite construir ou recuperar um carro de bois, vale a pena dar uma espreitadela :
3 Comments:
Olha lá, depois de ter escrito o comentário sobre os bois do Leandro, lembrei-me que a dada altura o teu avô da Levada também teve uma junta... Lembro-me que um deles era um problema porque tinha mau feitio, mas não me recordo de todo de haver um carro lá em casa...
Há mas havia sim sr. !!
Os bois foram comprados à sociedade, um era do meu avô e o outro do meu pai, foi ainda antes de ser comprado o tractor, o Ford 3600 que agora já deveria fazer parte do museu.
Havia um carro de bois, um ou dois charrueques e uma grade.
Por acaso ainda gostava de saber onde terá ido parar esse carro de bois. Os charrueques e a grade ainda existem, estão na levada.
Enviar um comentário
<< Home