Tecnologia e Ruralidade
Como prometi contar algumas das minhas estórias da minha viagem à Alemanha, vou começar por explicar os motivos da minha ida.
A empresa onde trabalho, ligada à área tecnológica, desenvolve software e hardware e temos um conjunto de fornecedores de componentes que utilizamos, sendo um deles da zona de Hannover. É uma empresa especialista em soluções de RFID que traduzido pode-se explicar como Sistemas de Identificação por Rádio Frequência, é a tecnologia usada por exemplo nos comandos das chaves dos automóveis para o fecho remoto, tendo muitas outras aplicações como por exemplo sistemas de acesso, sistemas de autorização, etc... Este nosso fornecedor aproveita todos os anos a proximidade da feira para promover um encontro dos vários clientes/distribuidores de todo o mundo para apresentação de novidades. E este ano, estavamos nós de Portugal, um sueco, dois belgas, um inglês, um sul africano, um suiço, etc...
A empresa situa-se a cerca de 80 kms de Hannover, fica nos arredores de uma pequena cidade chamada Stadthagen, uma cidade histórica, muito bonita, situada numa zona rural. A empresa, que é um distribuidor mundial de tecnologia de ponta, tem uma estrutura pequena, totalmente integrada no meio pequeno (e rural) onde se situa a sua sede.
Desculpem-me a ousadia mas achando eu que seria oportuno, aproveito para transcrever um post do Dr. Eduardo Mendes, deputado da Assembleia Municipal de Ferreira do Zêzere, no blog do Bruno, http://alguresporferreira.blogspot.com/ que me deixou a pensar e sobretudo preocupado, porque sendo eu de Ferreira do Zêzere, também ela uma pequena vila rural, próxima de cidades como Tomar ou até Lisboa.
Tomo a liberdade de publicar aqui um excerto do texto:
“Já vão passados alguns anos sobre o que estudei sobre teorias de localização das actividades económicas:Recordo-me que na optimização da localização entravam como principais factores os custos a que era possivel obter matéria-prima, recursos humanos, instalações, financiamento, e colocação no mercado dos prudutos.Dizem-me que agora também se explicam por razões psicológicas, sociais e politicas...
Destas últimas não sei.
Dos factores que enunciei primeiro só veria FZZ como um mini Sillicon Valley se conseguisse arrastar ou desenvolver localmente "massa cinzenta" que constituisse uma mais valia em "recursos humanos" ou "Know-how".
Ora para convencer uma universidade, numa parceria, uma vez que eles têm a massa cinzenta, teria de ser pondo os €€€ ...
Os investigadores ganham mais que o Presidente da Câmara, os equipamentos de ponta nem sei quanto custam...
Portanto como sonho, não estaria mal. Como investimento não sei qual o banco que se atreveria a financiar...”
Ao ler isto, sinto que por vezes existe uma dificuldade muito grande por parte de quem nos governa em potenciar as mais valias, por exemplo a centralidade nacional, a relativa proximidade de vias importantes de ligação a Espanha como a A23, a existência de um politécnico em Tomar a 15 minutos da nova Zona Industrial com cursos na área tecnológica, pode muito bem providenciar a tal “massa cinzenta” e “know how”, já para não falar nas questões psicológicas e sociais, eu por exemplo estaria na disposição de optar por trabalhar numa empresa em Ferreira do Zêzere, de certeza que teria outra qualidade de vida!
A empresa onde trabalho, ligada à área tecnológica, desenvolve software e hardware e temos um conjunto de fornecedores de componentes que utilizamos, sendo um deles da zona de Hannover. É uma empresa especialista em soluções de RFID que traduzido pode-se explicar como Sistemas de Identificação por Rádio Frequência, é a tecnologia usada por exemplo nos comandos das chaves dos automóveis para o fecho remoto, tendo muitas outras aplicações como por exemplo sistemas de acesso, sistemas de autorização, etc... Este nosso fornecedor aproveita todos os anos a proximidade da feira para promover um encontro dos vários clientes/distribuidores de todo o mundo para apresentação de novidades. E este ano, estavamos nós de Portugal, um sueco, dois belgas, um inglês, um sul africano, um suiço, etc...
A empresa situa-se a cerca de 80 kms de Hannover, fica nos arredores de uma pequena cidade chamada Stadthagen, uma cidade histórica, muito bonita, situada numa zona rural. A empresa, que é um distribuidor mundial de tecnologia de ponta, tem uma estrutura pequena, totalmente integrada no meio pequeno (e rural) onde se situa a sua sede.
Desculpem-me a ousadia mas achando eu que seria oportuno, aproveito para transcrever um post do Dr. Eduardo Mendes, deputado da Assembleia Municipal de Ferreira do Zêzere, no blog do Bruno, http://alguresporferreira.blogspot.com/ que me deixou a pensar e sobretudo preocupado, porque sendo eu de Ferreira do Zêzere, também ela uma pequena vila rural, próxima de cidades como Tomar ou até Lisboa.
Tomo a liberdade de publicar aqui um excerto do texto:
“Já vão passados alguns anos sobre o que estudei sobre teorias de localização das actividades económicas:Recordo-me que na optimização da localização entravam como principais factores os custos a que era possivel obter matéria-prima, recursos humanos, instalações, financiamento, e colocação no mercado dos prudutos.Dizem-me que agora também se explicam por razões psicológicas, sociais e politicas...
Destas últimas não sei.
Dos factores que enunciei primeiro só veria FZZ como um mini Sillicon Valley se conseguisse arrastar ou desenvolver localmente "massa cinzenta" que constituisse uma mais valia em "recursos humanos" ou "Know-how".
Ora para convencer uma universidade, numa parceria, uma vez que eles têm a massa cinzenta, teria de ser pondo os €€€ ...
Os investigadores ganham mais que o Presidente da Câmara, os equipamentos de ponta nem sei quanto custam...
Portanto como sonho, não estaria mal. Como investimento não sei qual o banco que se atreveria a financiar...”
Ao ler isto, sinto que por vezes existe uma dificuldade muito grande por parte de quem nos governa em potenciar as mais valias, por exemplo a centralidade nacional, a relativa proximidade de vias importantes de ligação a Espanha como a A23, a existência de um politécnico em Tomar a 15 minutos da nova Zona Industrial com cursos na área tecnológica, pode muito bem providenciar a tal “massa cinzenta” e “know how”, já para não falar nas questões psicológicas e sociais, eu por exemplo estaria na disposição de optar por trabalhar numa empresa em Ferreira do Zêzere, de certeza que teria outra qualidade de vida!
11 Comments:
Porque não investires no teu Concelho?! Porque não seres apoiado pela Câmara Municipal?!
Caro Bruno, a resposta é simples:
Porque NÃO podes!
Explica-me lá como poderia a Câmara financiar um projecto privado...?
A seguir vinham todos dizer que se tratava de compadrio... a não ser que os próprios fossem os apoiados!
Não é tão fácil assim, Bruno!
Por experiência própria: é mais fácil (para evitar todos esses contrangimentos) que uma Câmara dê um empurrão a alguém de fora, sem qualquer ligação local, do que a um conhecido da terra.
Tenho a certeza de que nunca teria ganho um concurso na CM FZZ, como ganhei, com uma empresa minha, noutra Câmara, num concelho em que ninguém me conhecia.
É esta a natureza do poder autárquico. E, não querendo desmoralizar ninguém, o problema é vermos a Câmara como um local de apoio.
Parafraseando uma máxima conhecida: Não perguntes o que pode a Câmara (concelho) fazer por ti, mas antes o que podes fazer pelo concelho.
Cumps.
Ricardo Antunes
Caro Rui
Os meus cumprimentos e também o pedido de que os transmita aos seus pais.
Terão legitimo orgulho nos cinco filhos (espécie que de tal modo vai rareando que qualquer dia ainda o homem se vai declarar a si mesmo espécie em extinção...)
Agora que as tecnologias vão pela "rede", porque não fazer programação a partir de FZZ?
E já agora não me confunda com qualquer forma de poder. Não tomo decisões executivas nem no município, nem em associações de FZZ.
Estou na AMunicipal e fora dela só dou opinião quando me pedem.
Não gosto de dizer mal de Ferreira, como não gosto de dizer mal da Família. (Princípios)
Mas que há muito por fazer, isso há (que não invalida o que se tem feito ...)
E não é a discutir Volvos e rotundas (alguém escreve bem sobre isto noutro lado) que se resolvem as coisas : è com propostas concretas e bem pensadas e com iniciativas.
Força!
Eduardo J. Ferreira Mendes
Caro Ricardo Antunes, quando falei na Câmara Municipal, não foi nesses moldes.
Cabe, ou devia caber à Câmara, buscar investidores, dar-lhes as melhores condições, mostrar-lhes o que o Concelho lhes pode dar.
Depois é tudo uma questão de negociação.
Eu próprio já estive para investir, e troquei algumas palavras com as diversas Câmaras.
Conclui então que haviam algumas mais interessadas, mais atentas e mais disponíveis para dar apoio ao projecto que tinha em mente.
Caro Eduardo J. Ferreira Mendes, peço-lhe cordialmente que trate as pessoas e respectivos blogues por nomes, eu próprio o faço.
Quanto às discussões que lá são feitas, têm sempre alguma razão de ser.
Mais um vez, e de forma cordial, peço-lhe que me diga quais foram as propostas concretas e bem pensadas que já apresentou em Assembleia Municipal ou mesmo em algum meio de comunicação nestes últimos tempos.
Caro Bruno,
E essas Câmaras que lhe pareceram "mais atentas e interessadas" não eram, por acaso, aquelas em que o Bruno era menos conhecido?
De qualquer modo, insisto na ideia de que há pouco de concreto na acção das Câmaras para apoiar projectos de investimento. A não ser que se trate de Projectos de grande dimensão, em que licensas de funcionamento, ou terrenos, sejam de facto um custo elevado do projecto. Mas não era de projectos desse tipo de que se falava.
Vamos lá criar aqui um barómetro (com a devida autorização do Rui), para ver (independentemente da possibilidade de apoio da Câmara) quais os factores que determinariam a vinda de pessoas para Ferreira. Depois de identificados esses factores de qualidade de vida, poderemos, com mais certeza, perceber quais são aqueles em que o Município poderia ter intervenção.
Por mim, identifico desde já:
- qualidade ambiental
- acessibilidades
- infra-estruturas culturais e comerciais
- infra-estruturas de tecnologias de informações (disponibilização em todos os pontos do concelho de Internet Banda Larga)
Ricardo Antunes
Caro Eduardo Mendes
Ainda em relação ao seu post, que o Rui usou para lançar esta discussão, um pequeno detalhe com que não concordo plenamente consigo: os investigadores NÃO ganham mais do que o Presidente da Câmara! Infelizmente essa é uma das razões para que tantos jovens investigadores portugueses optem pelo estrangeiro, já que a carreira de investigador em Portugal é muitíssimo mal paga (um investigador estagiário, em início de carreira, portanto, ganha, ilíquido, pouco mais de 700 euros - repito: ilíquido!). Se isto é ganhar bem... e certamente o Sr. presidente ganha bem mais do que isso, só em ajudas de custo. (e não digo isto por achar que ele ganha demais!)
Ricardo
Caro Eduardo Mendes, referi o seu post porque me chocou a forma como afasta à partida a possibilidade de uma aposta forte da autarquia em captar empresas de cariz tecnológico para o novo parque industrial, talvez tenha sido uma má interpretação às suas palavras mas foi isso que entendi.
Sinceramente discutir rotundas e volvos também não é dos meus assuntos favoritos.
Quanto à questão de não representar nenhuma forma de poder, bom, é certo que a função de uma Assembleia Municipal não é a executiva, é a de entidade fiscalizadora, mas penso que é também dever dos deputados da A.M. auxiliarem o executivo na tomada de decisões que vão de encontro às espectactivas de quem os elege, com um objectivo comum de desenvolvimento do concelho. Penso que ser um pouco proactivo também não fica mal.
Acredite que não são poucas as vezes que "faço programação a partir de Ferreira do Zêzere", faço parte de uma sociedade da qual sou sócio gerente, matriculada na conservatória de Ferreira do Zêzere desde 2003 com o nome "Zona Lógica - Engenharia de Sistemas Informáticos, Lda" que tem como actividade principal o desenvolvimento de software, é um projecto paralelo ao meu trabalho e actualmente ainda não é uma alternativa, mas existe, tem clientes, tem produtos e é de Ferreira do Zêzere, por isso é possível!
Ò Ricardo eu acho que a questão não é a câmara apoiar financeiramente projectos de investimento, é sim abrir portas para atrair o investimento, como ? mostrando nos sitios certos às pessoas certas (aos potenciais investidores) aquilo que Ferreira do Zêzere tem para oferecer, não só a nível ambiental mas todo o enquadramento estratégico que pode representar mais valias à instalação de empresas em Ferreira do Zêzere, nesse sentido penso que o protocolo proposto pelo politécnico de Tomar noticiado no último DZ, pode ser muito bom para o concelho. A próximidade de um centro de recursos humanos formados por exemplo na área tecnológica pode muito bem ser um factor decisivo para algumas empresas que pretendam instalar-se numa zona que seja central em relação ao território nacional, com custos inferiores de infraestructura.
Eu não vi essa informação sobre o protocolo, mas, conhecendo por dentro a realidade dos politécnicos (e não creio que o IPT seja muito diferente dos outros) não acredito assim tanto nessas potencialidades. Todos os politécnicos (em especial os que trabalham mais com as áreas das engenharias) estão a ficar sem alunos e correm o sério risco de ter de fechar muito em breve. Por isso, lançam mão de tudo para conseguir mais uns projectos financiados ou uns formandos, a qualquer custo. O problema é o mesmo de sempre: a oferta formativa não é feita a pensar nas necessidades das regiões ou das empresas, mas simplesmente para manter o lugar de alguns professores que correm o risco de ir para a rua.
Assim nunca se resolve nenhum problema. Em vez de se expandirem, os Politécnicos terão, necessariamente, de se reduzir, em número e em tamanho.
Agora, eu entendo que todos os concelhos sonhem com a instalação de uma qualquer estrutura de ensino superior, já que em todo o lado em que isso aconteceu, se verificou um crescimento económico considerável, à custa das actividades que os estudantes dinamizam (alojamentos, restauração, serviços de cópias e afins, indústria da noite, etc...).
No caso de Ferreira, creio que uma boa aposta seria a criação (aí sim, a parceria com o IPT poderia dar algum resultado) de uma incubadora de empresas, com destaque para as de base tecnológica.
Uma estrutura desta natureza, que funcionasse como local de formação de jovens que queiram tornar-se empresários (como se cria e gere uma empresa, como aceder aos apoios disponíveis, etc.) e que disponibilizasse, gratuitamente, espaço para essas empresas se fixarem, talvez fosse um caso de sucesso. Os espaços para estas empresas swe instalarem são relativamente baratos. Mas para uma empresa a começar, todas as pequenas despesas são um peso enorme. Assim, um edifício de escritórios, com cerca de 30 m2 por cada espaço, que ofereça serviços de apoio e consultoria, segurança, energia, comunicações, apoio administrativo e salas de reunião e formação, seria um excelente "ninho".
Claro que num caso destes, a participação municipal tavez pudesse ser mais directa (não sei muito disto, mas tavez uma entidade criada em parceria com a câmara e o IPT pudesse ter orçamento para se instalar e funcionar...).
Como hoje em dia a relação custo/benefício é fundamental, há que equacionar também este aspecto. Assim, creio que uma entidade destas só poderia existir se oferecesse outros serviços, nomeadamente na área da formação profissional. Embora pequeno, o nosso concelho tem muitas empresas que necessitarão, por obrigação legal, de cumprir determinados níveis de formação profissional. Como há financiamentos comunitários, seria relativamente fácil que a entidade vivesse da formação (e da consutoria, de que falei atrás). Além disso, essa entidade poderia ser ainda a entidade gestora do(s) parque(s) industriais do concelho, de modo a libertar-se um pouco dos espartilhos que a gestão camarária normalmente tem.
Estou a imaginar uma estrutura semelhante a outras que conheço (Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, IEBA-Centro de Iniciativas Empresariais Beira Aguieira, em Mortágua) São dois casos diferentes. No segundo caso, a dimensão do concelho, e a localização estratégica não são muito diferentes do caso de Ferreira. E funcionam. E atraem novas pequenas ideias.
É só mais uma achega para a discussão.
Ricardo
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