Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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3.4.06

A Mi Zé

Este Domingo à tarde passei em Ferreira para fazer umas coisas, entre elas ir à farmácia, contornei o jardim e deixei a Susana em frente à porta, olhei lá para dentro e como só vi duas pessoas achei que seria rápido e fiquei no carro com a Maria que entretanto tinha adormecido, o que depois de tanta correria e brincadeira em casa do avô Mário e da avó Lurdes era perfeitamente natural.!

Lá estava eu, numa tarde de domingo com um sol agradável, quase a lembrar a primavera que teima em não chegar, a “picar” umas estações de rádio, a ouvir um bocadinho ali outro bocadinho acolá, na realidade estava a fazer tempo.!

Comecei a achar que 10 minutos já teriam dado para trazer o bendito medicamento, olhei para o banco de trás e a pequena continuava serenamente a dormir então decidi ir ver o que se passava. Fechei o carro e entrei na farmácia, lá dentro estavam as mesmas duas pessoas que eu vira quando deixei a Susana, atrás do balcão não estava ninguém... estranho!

Perguntei o que se passava e ninguém sabia, a verdade é que não era muito normal aquela situação foi quando ouvi lá dentro o João a falar, pela conversa estava ao telefone, esperámos.

Passado mais algum tempo o João vem lá de dentro, com umas caixas de medicamentos numa mão e com a outra a segurar o telefone sem fios e lá ia ouvindo e respondendo com umas frases tipo “sim sim, eu compreendo”, “é preciso calma” e quando parecia que o telefone ia desligar lá voltava tudo de novo, começámos todos a ficar intrigados, quem seria ? o que estariam a falar ? mas a verdade é que não dava para perceber.
O João lá ia continuando ora a tentar aviar a receita, ora a tomar atenção à conversa, foi nessa altura que ele disse “sim eu comprendo, Mi Zé !” e nesse momento todos quantos estavam na Farmácia Soeiro deram uma valente gargalhada e compreenderam de imediato as dificuldades do João em terminar o telefonema.

A Mi Zé ou Maria José Folque é uma figura singular de Ferreira do Zêzere, cruzei-me com ela vezes sem conta ora nas ruas da vila, ora na Fritelma do Sr. Valdemar onde trabalhei em part-time há uns valentes anos atrás. Sempre arranjada, algo excêntrica, era capaz de meter conversa com qualquer pessoa e nem valia a pena dizer-mos que estava-mos com pressa porque as estórias sucediam-se.

Aconteceu algumas vezes estar a tomar café na “bifana” com a Ana do Carmo, a Carla Pinto e outra malta da rádio quando aparecia a Mi Zé, a Ana, talvez por ser cliente habitual da casa era sempre a “vitima” (no bom sentido), mas quando conseguia-mos por fim ir embora quer uma quer outra ficavam satisfeitas porque a Mi Zé tinha conseguido uma ouvinte que a deixasse desabafar e a Ana tinha feito a boa acção de a tentar compreender.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pobre Mi Zé, á cerca de dois meses foi a Tomar no seu Fiat Uno e apanhou duas multas de excesso de velocidade; uma na ida e outra na vinda. è preciso ter galo...

quarta-feira, abril 05, 2006 5:10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eis uma das figuras incontornáveis da vila. Não se consegue imaginar a vila sem algumas figuras. não nos podemos esquecer também do Sr. Casanova, o Sr. Aureliano Galinha e para as pessoas da Paio Mendes a Irene Galinha...
A Irene Galinha se calhar já não é do vosso tempo .
Cristina

quinta-feira, abril 06, 2006 8:24:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A Mi Zé, essa grande senhora que emana boa disposição por todo o lado, e que conhece toda a gente da vila e arredores! É raro o dia que não me cruze com ela no caminho de casa-trabalho e vice-versa... Depois ainda temos uma das suas imagens mais caricatas, passeando-se pela rua com os seus característicos rolos na cabeça! :)

As multas... também ouvi essa... é preciso ter azar! :)

quinta-feira, abril 06, 2006 8:40:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ò Cristina,
Esclareça lá, quem é (ou era) essa Irene Galinha?

domingo, abril 09, 2006 12:44:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A Irene Galinha era uma senhora da família das Machadas da paio Mendes e que foi casada com, salvo erro, o António Galinha.
Eles tinham na vila uma loja, onde hoje é uma loja dos 300, ao lado de um outro galinha e que vendia entre outras coisas tecidos a metro. Tanto quanto me chegou, quando ela era solteira mas já namorava o Sr. Galinha, sempre que alguém aparecia com um "trapinho" novo ou diferente do habitual e ela via era de imediati sujeito a um interrogatório do estilo: que bonito, onde comprou? quanto custou? Foi na loja do Sr. Galinha?
Penso que a vossa mãe se lembrará desta personagem. Posso dizer-vos queum dos filhos trabalha ou trabalhou, ou no tribunal ou na conservatória do registo predial em Tomar.
Esta história chegou-me aos ouviidos através da Sr.ª Rosa do Artur Granja.

terça-feira, abril 18, 2006 9:40:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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