No Cantinho... das Águas Belas
Quando passo por Águas Belas lembro-me do "sótão", é sempre assim, por mais anos que tenham passado, por mais coisas que tenha feito, as memórias do velho "sótão" onde um dia funcionou uma rádio regressam sempre.
A vida é mesmo assim, é feita de memórias e as que são boas devem ser guardadas, talvez por isso as do "sótão" tenham ficado, porque eram boas, porque ali conheci algumas pessoas que tal como eu ainda hoje continuam "ligadas" ao velho "sótão".
No outro dia parei em Águas Belas para almoçar, fui ao "Cantinho da Ana", já não ia lá há uns meses, aliás, já não ia lá à tanto tempo que ainda não conhecia a sala de refeições, quando entrei a sala estava cheia, procurei uma mesa vaga e sentei-me com a outra Ana, a da rádio, pedimos o prato do dia, comemos costeletas.
A Anabela, do cantinho, lá andava, atarefada, de um lado para o outro às voltas com os tachos, desde sempre admirei a Anabela porque é uma pessoa que não consegue estar parada e esse empenho vê-se todos os dias quando ela "arregaça as mangas" e dá a volta às refeições.
Ora a Anabela do "Cantinho da Ana" é uma pessoa que eu conheço há uns bons anos, para aí da altura do "sótão", quando ela também dava ao la-mi-ré ao microfone. Ela, tal como eu, também ainda deve trazer na memória esses bons tempos e é por isso que invariávelmente quando falo com a Anabela me lembro do "sótão" que um dia, ao contrário de todos os "sótãos" onde colocamos as coisas velhas e até nos esquecemos que ele existe, se transformou num espaço cheio de vida onde um conjunto de pessoas com a força própria da juventude, se encontrava no fim do dia e aos fins de semana para, através de um velho emissor, entrar em casa de um publico anónimo, pelo pequeno transistor para fazer um pouco de companhia.
8 Comments:
A foto é do Armando Cotrim, outro que se deve lembrar bem do "sótão"
Ou seja, tens saudades dos tempos das rádios piratas. É muito diferente fazer rádio agora em relação ao modo como se fazia quando começaste?
Que engraçada essa história e essa foto. :)
Essas histórias antigas da rádio que contas... Acho-lhes graça. Obrigada. :)
M.
Lúcia, confesso que tenho algumas saudades, as condições eram francamente piores mas o companheirismo e a "carolice" faziam autenticos prodigios... hoje passa-se música, seguem-se formatos e as leis de mercado ditam uma cada vez maior automatização e com isto perdeu-se muito o conceito da comunicação e da proximidade ao meio.
Isto são questões complicadas, a rádio tem de ser "sentida", o que muitas vezes se passa é que quem gere não sente a rádio e talvez por isso não se importa que uma máquina passe horas a debitar música a metro.
Marta, estas são algumas "estórias" que guardo com carinho e foi talvez por causa delas que abri este espaço... porque as coisas boas são para partilhar ;)
Rui, se me lembro do"sotão"! 2ª feira à noite lá estava "Jovem para Jovem" com Filipe Carraço e Anabela Santana.Outros tempos, em que ao domingo à tarde o sr.Bastos(guarda da serração) não fazia mais nada a não ser passar telefonemas para o "sotão", eram os discos pedidos...tantas "estórias".De vez em quando gosto de visitar o teu blog é giro reviver.Parabéns,beijinho Ana (cantinho àguas Belas).
Olá Anabela, é bom saber que ainda tiveste tempo para largares "os tachos" um bocadinho e dares aqui uma espreitadela...
Olha, a vida é feita das tais "estórias", as boas são para guardar e acho que naquele "sótão" houve um grupo de pessoas que viveu "estórias" muito bonitas é por isso que ainda se fala nele!
Obrigado pelo teu comentário.
Lembro-me do "Jovem para Jovem" também. E lembro-me - muito bem mesmo! - do jovem que fazia o programa. O Filipe era, para mim, no meio do grupinho costumeiro, "o miúdo da rádio". Que engraçado. ;)
Quando as férias se faziam em Ferreira, o pessoal gostava de ligar para os discos pedidos para fazer dedicatórias uns aos outros. Era a emoção das primeiras paixões de Verão.
Que saudosismo.
Um abraço Rui. :)
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