Estórias de Ferreira

Chamo-me Rui Antunes, sou de Ferreira do Zêzere e gosto de estórias... reais ou imaginárias, estórias da vida, de sucessos ou insucessos, prometo partilhar as minhas, espero pelas vossas...

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18.9.06

O Sapateiro

foto ilustrativa, autoria Manuela Rodrigues : http://www.olhares.com/o_sapateiro/foto659532.html

Não há muitos dias atrás, quando estava a arrumar uns dos meus pares de sapatos, na prateleira de uma pequena estante, que cumpre a função de sapateira lá em casa, olhei para a sola gasta e para uns fios soltos, cortados pelo desgaste e pensei para os meus botões : "- tenho de por estes num saco para levar ao sapateiro".

Como diz o meu chefe os seres humanos são animais de hábitos e eu não fujo à regra, assim como o barbeiro a quem eu recorro sempre que preciso do cabelo cortado e invariavelmente è àquele barbeiro, também no que toca a meias-solas, para mim apenas existia uma única pessoa no mundo a quem eu confiava os calcantes, ao Sr. Joaquim Guilhermino.

A pequena oficina do Sr. Joaquim era num dos caminhos que eu percorria quando ia para a escola primária de Paio Mendes, ali atrás de uma pequena janela, lá estava o artifice às voltas com o couro e a borracha. Algo fascinante para nós miudos que não passávamos sem dar uma espreitadela à bancada e ao chão, cheios de pequenos desperdicios das peças que eram preparadas e atrás uma estante com montes de formas que serviriam para moldar o calçado feito por medida, quer para o mais chaparrudo pé quer para o fino pé de uma donzela.

Mas acho que o que mais fascinava era o cheiro intenso da graxa, das colas, do couro, era mágico!

Com o passar dos anos, quando comecei "a calçar do meu sapateiro", continuou a ser ao Sr. Joaquim Guilhermino a quem recorria sempre que precisava de remediar os sapatos, que normalmente apresentavam ainda bom aspecto por cima mas as solas não aguentavam e lá iam parar à oficina, dentro de um saco de plástico, que ele pendurava ao lado de mais meia-duzia deles que aguardavam a sua vez para irem parar às mãos do mestre.

Foi com preplexidade que ouvi a noticia de que o Sr. Joaquim Guilhermino tinha falecido, a minha primeira lembrança foi para a sua pacata oficina, feita com aqueles pequenos tijolos que lhe davam um ar frágil, para a janela que agora não tem ninguém por trás, para os sacos pendurados, para as vezes que a porta estava fechada e eu dava a volta por trás com cuidado para evitar o pequeno canídeo e chamava :

- Sr. Joaquim, Sr. Joaquim, é o Rui do Olheiro, tenho aqui uns sapatos para arranjar...

- Deixa-os lá pendurados no prego da porta que eu já lá vou.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Realmente tornasse triste sabermos estas noticias assim ,mais uma vez Paio Mendes perdeu um das varias coisas que hoje em dia è dificil encontrar ,ate estava a pensar quando fosse de ferias levar os meus sapatos para o sr. Joaquim arranjar , è uma pena!!
Aproveito para deixar aqui os meus sinceros pessames a toda a sua familia.

segunda-feira, setembro 18, 2006 4:02:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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quinta-feira, fevereiro 03, 2011 1:21:00 da tarde  

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